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domingo, 30 de maio de 2010

O dia em que falei com a morta

Bom, essa crônica que escrevi é um fato verídico que aconteceu com um amigo meu...
Espero que gostem...

O dia em que falei com a morta

            Certa vez, alguns amigos e eu, estávamos pelas bandas lá de Pelotas e, depois do expediente, resolvemos dar uma passeada pelas estradinhas coloniais, para conhecer um pouco do turismo rural, quando parei em frente a um casarão antigo o qual me despertou curiosidade.
            Estacionei o carro e descemos, a fim de desvendar a história do lugar.
            Logo avistei uma velha caquética, daquelas que nem podem com as próprias pernas, que caminhava no jardim da enorme casa, resolvemos nos aproximar.          Perguntei se a senhora conhecia um tal de Pedro (inventei na hora), a fim de que ela falasse um pouco sobre aquelas casas antigas. A velhota aproximou-se e contou que perto dali havia o “Rincão dos Preto”, o que entendi que fosse um quilombo. Ela disse também que falava com espíritos, que eles mostravam imagens e que as quais pintava. Isso, confesso, que me deixou amedrontada, pois não acredito nessas coisas. Quando a velha nos convidou pra entrar na casa e ver suas pinturas, não quisemos entrar, pois toda essa situação parecia algo de outro mundo.
            Resolvi dar o fora dali, quando um dos meus amigos, que havia perdido sua filha pequena recentemente, perguntou se ela falava com espíritos mesmo e se sabia qual era a razão da morte precoce da filha. A senhora pegou em sua mão e respondeu: ‑ Meu filho, a menina se chamava Natália não é? Ela morreu porque o senhor e sua esposa pecaram, por algo que vocês fizeram ela pagou com a própria vida.”
            O homem ficou inconsolável, e ao perceber a gravidade da situação quis ir embora antes que algo pior pudesse acontecer. São nessas horas que a gente não sabe o que fazer com um pobre homem que sofre com uma revelação dessas.
            Entrei no carro com meus colegas, louca pra partir imediatamente. Acelerei, e em meio aos soluços do meu amigo, perguntei: - Bah, que coisa de louco né? Vocês viram quantos cachorros, cavalos e vacas tinham no pátio, ao redor da velha? Todos me disseram, em uníssono, que não havia nenhum bicho perto da velha, nem longe. Indignada com a resposta deles, indaguei: - E aí, será que a velha existe mesmo?          Resolvemos voltar, a fim de comprovar a veracidade dos fatos. Ao passarmos pela casa, não vimos mais a velha, nem animal nenhum, apenas um preto velho, que residia pelos arredores e falou-nos que ali não morava ninguém há muitos anos, e que o atual proprietário morava longe e que há muito não visitava o local.
            Através de uns amigos de Pelotas, descobrimos que a casa pertenceu a uma importante família tradicional, e que os últimos descendentes que habitaram o lugar foram enterrados ali mesmo.

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